aribé 'prato ou bacia de barro'

aribé s.m. 'prato ou bacia de barro'. Um provável empréstimo da língua Kipeá (ou Kirirí, família Karirí) ao português regional (nordeste da Bahia, Sergipe e Pernambuco, pelo menos). A primeira menção que encontrei da palavra foi em um blog sobre os usos do umbu em Uauá (nordeste da Bahia) em que se mencionava o aribé (http://goo.gl/W2jGK), "um tacho grande de barro". Fuçando um pouco mais, descobri uma outra referência ao aribé, desta vez em um site sobre Lagarto (http://goo.gl/RMdJH), uma cidade do agreste sergipano:

"aribé – prato grande (cheio)"

Ambas as localidades estão em áreas tradicionais Karirí, o que me faz suspeitar que tal palavra relaciona-se à palavra para 'prato' documentada por Mamiani (http://goo.gl/qMoaj) para o Kipeá (Mamiani 1877:20,52): aribà. Ampliando a amostra, uma busca por "aribé bacia" (em vez de "prato") revela ainda exemplos de Serra Talhada (http://goo.gl/pN2RR), Gameleiras (http://goo.gl/8tMGa) e Petrolina (http://goo.gl/3RO2M), cidades pernambucanas.

O uso da palavra parece restringir-se, assim, a áreas adjacentes nos estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco, o que parece corroborar a hipótese de que seja um empréstimo Kirirí ao português local. A seguinte informação, fornecida pelo antropólogo José Augusto Laranjeiras Sampaio na lista Tupi (http://tinyurl.com/listatupi/5134), é especialmente interessante:

Sim, o termo aribé é bastante utilizado por toda a população regional no Nordeste da Bahia, região que conheço bem. É utilizada inclusive pelos indígenas Kiriri, da Terra Indígena Kiriri, município de Banzaê, com os quais trabalho. Essa Terra Indígena corresponde à antiga missão jesuítica do Saco dos Morcegos, depois vila de Mirandela, uma das quatro implantadas pelos jesuítas ao final do século XVII e habitadas todas por falantes do Kipeá: Saco dos Morcegos, Canabrava (atual cidade de Ribeira do Pombal), Natuba (atual cidade de Nova Soure) essas na Bahia; e Jeru (atual cidade de Tomar do Jeru, em área vizinha no estado de Sergipe (não longe de Lagarto), onde Mamiani viveu e trabalhou.

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